quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Chinelinhas japonesa

Pequena menina dos olhos puxados,
que vive a dançar com o seu jeito de andar.
Chinelas de madeira em seus pequeninos pés,
pra lá e pra cá...ploc, ploc, ploc, ploc, ploc...
Negros fios de cabelos lisos, presos por um vermelho laço,
todo pomposo no topo da cabeça.
Vestido amarelo todo bufante, e lá vai ela
a caçar borboletas com seu puçá.
Ploc, ploc pra cá, ploc, ploc pra lá, e lá vai ela a tentar.
- Olha mamãe eu pequei uma borboleta azul. Não é bonitinha mamãe?
- É sim minha filha.
- Mamãe, olha quanto! Eu vou soltar essa e pegar aquela amarela.
Ela solta e sai correndo,
Neco seu gato malhado preto e branco e gorducho vai atrás dela.
E pula pra cá, e pula pra lá e nada.
Neco também pula, mas nada.
Mesmo assim, rindo e alegres ficam.
Ficam a caçar borboletas. Ploc, ploc, ploc, ploc...
O sol vai dando adeus, as borboletas se vão,
o cansaço vem tomando conta dos dois.
O ploc, ploc para, e na rede, suspensa em duas árvores, no sopro do vento,
estão a menina e o gato a descansar.


* Esse texto se também encontra no site http://www.recantodasletras.com.br/infantil/3450043

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

AS ESGANADAS - Jô Soares

Hoje vou escrever sobre um livro, um livro muito interessante por sinal. Desde que lançou, eu queria muito lê-lo. Foi então que resolvi pedir de natal, e ganhei. Ganhei do meu ex-namorido Rodrigo. Para quem não sabe, 'namorido', uma mistura de namorado com marido. Existe muitos casais assim hoje em dia, e que adotam esse nome. É namorado porque não é casado no papel, é marido porque mora junto. Bom, no meu caso é ex, mais a mistura de tudo isso, cada um pode chamar do que quiser, eu chamo desse. Mas deixando isso de lado, voltando ao livro.

O autor desse livro sensacional é o brasileiro Jô Soares. A única coisa que eu conhecia dele até então, era o "Programa do Jô", à meia noite e meia, na Rede Globo. Nunca havia lido nenhum livro seu, sendo então o primeiro. Com toda a certeza vou ler os outros que ele havia publicado antes. Quando alguém lê um livro desses, logo entende o porque do grande sucesso de vendas. E assim vai rumando ao Best Seller, como aconteceu com seu outro livro, "O xangô de Baker Street".

O livro é "As esganadas". Quando comecei a lê-lo, logo conquistou a minha atenção que não consegui parar de ler. Li em apenas uma semana. Apesar de aparentemente ser um título trágico, a forma como é contada é  uma mistura de inteligência e humor, que me lembra muito ele em seu programa. O que era para ser de certa forma tenso, como em outros livros de romance policial que existem por aí, não é.

O pano de fundo desse romance é Rio de Janeiro, no anos 30, no período de estado Novo de Getúlio Vargas.

São assassinatos em série, um serial killer de gordas. Caronte, herdeiro de uma funerária muito conceituada em sua cidade, tem seu psicológico abalado, ele odeia a mãe que era gorda. Sua mãe Odília tinha medo que seu filho engordasse. Em seu aniversário de dez anos, seu bolo de aniversário foi substituído por meio mamão enfeitado com vela, o que ele odiou. Em cada gorda que ele via, a imagem de sua mãe aparecia, então, ele resolveu assassinar as gordas, esganadas e com receitas de sua mãe portuguesa .

Devido a esses assassinatos, Noronha e Calixto, que são da delegacia investigam o caso. Sabendo dos assassinatos, Esteves, dono de uma rede de docerias, que anteriormente havia sido polícia de Lisboa, resolver ajudar com o seus conhecimentos. Em seguida, aparece também Diana, uma jornalista. Os quatro vão em busca de uma solução para o caso.

É um tipo de leitura para deixar fluir e viajar com a linha do raciocínio do autor. Os acontecimentos são muito bem encaixados. Todos os personagens tem um destino bem resolvidos. Apesar de ser uma história fictícia, fiquei tão curiosa e em dúvida de saber se a tal Síndrome de Nagali que o assassino portava, realmente existe, e ela existe. Outra coisa que fiquei em dúvida foi sobre o caso da Viúva Negra de Setúbal, contado pelo personagem Esteves. Sim, existe o caso da Viúva Negra, mas não é a de Setúbal, e sim aqui do Brasil mesmo. A única semelhança é a que elas matam os seus companheiros, mais nada.

O desfecho do caso é solucionado, no local é encontrado um provérbio português junto com os olhos da gordas assassinadas.

"Mal é ter os olhos maior que a barriga"

Avaliação:   😊😊😊😊😞

* Esse texto se também encontra no site http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/3448157

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

ILHA DAS FLORES

Olá pessoas, aqui estou em mais um dia, dia ensolarado. Ótimo para ir à praia. Bom para sair, se encontrar com os amigos, programar algo para a noite, passear nos parques, chupar sorvete, e tudo mais. Dia de sol, é dia de sol. Dia de alegria. Mas, para quem preferir ficar em casa, não tem problema. Tenho um convite a fazer. Que tal assistir a alguns curtas-metragem. Entre nesse site: http://www.portacurtas.com.br/index.asp#

Hoje vou falar de um curta que já havia visto faz muito tempo, em tempo de escola, quando eu tinha meus 12 anos, e acabei achando ele novamente nesse site que citei acima. Um filme que marcou muito na minha vida. Na época não achava esse filme facilmente, queria revê-lo outras vezes, mas hoje, devido a tecnologia e a internet, tudo muda.

O filme é "Ilha das Flores", direção e roteiro de Jorge Furtado, do ano de 1989. Apesar do ano, depois de 23 anos, muitas histórias ainda se repetem pelo Brasil. Logo no início aparece escrito "Este não é um filme de ficção". A história se passa na cidade de Porto Alegre, em um depósito de lixo que tem o mesmo nome do filme.

O filme é bem crítico em muitas coisas. Por exemplo, a comida que é jogada no lixo pela dona de casa, para onde o lixo é levado, Ilha das Flores, exatamente nesse lugar, aonde animas e humanos brigam pela comida que foi jogada pela dona de casa. Aonde o que os porcos rejeitam, mães e crianças pobres pegam para comer. A grande desigualdade social. O capitalismo aonde alguns tem demais, e outros pouco tem.

Tudo é apresentado de uma forma não romântica, mas rápida e um pouco humorada, para que toda a informação contida no filme, nos sirva para pensarmos depois, e não para nos emocionarmos. Uma trajetória explicativa do homem, capitalismo, até chegar a plantação do tomate, e o seu destino final.

FICHA TÉCNICA:
Gênero: Animação, Documentário, Experimental
Ano: 1989
Duração: 13 minutos

Direção e roteiro: Jorge Furtado
Produção: Mônica Schmiedt, Giba Assis Brasil, Nôra Gulart
Fotografia: Roberto Henkin, Sérgio Amon
Edição: Giba Assis Brasil
Direção de Arte: Fiapo Barth

Elenco:
Paulo José (Narração)
Ciça Reckziegel (Dona Anete)


Trilha Sonora:
"Fantasia sobre O Guarani", de Geraldo Flach, com Zé Flávio na guitarra

PRÊMIOS
Urso de Prata no Festival de Berlim 1990
Prêmio Crítica de Público no Festival de Clermont-Ferrand 1991
Melhor Curta no Festival de Gramado 1989
Melhor  Edição no Festival de Gramado 1989
Melhor Roteiro no Festival de Gramado 1989
Prêmio da Crítica no Festival de Gramado 1989
Prêmio do Público na Competição "No Budget" no Festival de Hamburgo 1991

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Poeira humana


Andando livremente de abraços abertos ao encontro do nada
Descubro que o mundo é muito grande em meus braços.
Sentindo o vento que passa por mim levando tudo
A cada hora, um minuto, um segundo
A cada segundo, um segundo a menos em minha vida.

Sejam eles alegres ou tristes, mas vividos.

Muito grande é o mundo para se limitar a um conta tempo.
Diante de tanta beleza,
Seja ela na cidade, na mata selvagem, ou até mesmo no deserto.
Uma imensidão que dificilmente uma fotografia ou alguém conseguiria descrever
Uma sensação tão íntima, que toca até mesmo o coração dos mais ruins.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

"A MONTANHA E O RIO" - Da Chen

Mais um ano se passou, e aqui estou, como todos, em mais um começo de ano. Ano de 2012. Como todo começo de ano, sempre, cheio de promessas, mudanças, alegria e a espera do carnaval. Se bem que carnaval para mim, não faz a mínima diferença, é mais um dia como outro qualquer em meu calendário. Deixando de lado toda essa baboseira, aqui estou para escrever de um livro que acabei de ler e recomendo.

Mas antes vou contar a história desse livro, que não é a história do livro. Todas a vezes que eu vou à livraria, qualquer que seja, eu sempre vou correndo ver a exposição dos livros de novidades, mais vendidos, indicados, enfim. Um dia, faz um tempinho, eu vi esse livro, adorei a sua capa, o seu título, sua resenha, foi paixão a primeira vista, mas quando vi o seu preço, R$ 49,90, logo desisti. Mas foi difícil desapaixonar dele, eu queria ler o livro. Não sei se essa coisa de força de pensamento funciona, como diz nos livros "O segredo"- Rhonda Byrne, ou naquele outro "A lei da atração"- Michael J. Losier, o de pensar em uma 'coisa' que você quer muito, e com toda a certeza, ela virá em suas mãos. Pena que nunca vem a quantia de dinheiro que eu quero. Foi então que um dia, a minha ex-cunhada Carol, me apareceu com o livro e deu ele para mim. Não veio o dinheiro, mas veio o livro.

O livro é do autor Da Chen, e se chama "A montanha e o rio". Nascido no sul da China, emigrando para os EUA aos 23 anos. Formou pela Faculdade de Direito da Universidade de Columbia. Mora na região do vale do rio Hudson, no estado de NY, com a esposa e os filhos. Ele levou oito anos para concluir essa obra.

Depois de tanto blá, blá, blá, vou enfim escrever sobre a história do livro.

O livro "A montanha e o rio" traz consigo dados históricos da China como pano de fundo desse grande romance. Aonde o comunismo representado pelo personagem Shento, a montanha, o ditador, vive em conflito com Tan, de pensamento capitalista, o rio, o dissente. Mas pensem vocês, que o desentendimento de ambos era realmente proveniente disso, isso era apenas a cereja do bolo, melhor dizendo uma desculpa para a 'guerra' entre os dois. O real motivo de todo esse desentendimento era Sumi.

A maneira como Dan Chen, descreve o nascimento de Shento é extraordinário, simples e poético.

"...transformando-se numa espécie de mito ao saltar do ponto mais alto da montanha, comigo ainda ligado a ela pelo cordão da vida, o emaranhado cordão umbilical. Pulei para fora antes que ela se atirasse no abismo, nascido em pleno ar, pairando acima de tudo...A mão do destino interveio...fiquei subitamente agarrado aos galhos de um arbusto de chá...Num segundo que podia ter durado a vida inteira, rompeu-se o cordão umbilical...soltei um grito assustador...Fiquei balançando, suspenso nas alturas, preso nos galhos daquela planta abençoada. Minha mãe mergulhava em direção ao fundo..."

O livro todo carrega consigo esse tom poético, envolvente, que dificilmente quem começar a ler vai conseguir parar de ler. Escrita de maneira simples e sutil. Sua escrita me lembra a água do rio manso, que corre livremente, sem barreiras, sem obstáculo, sem pressa para chegar ao seu destino. Os únicos apressados somos nós, que temos a ânsia de querer saber de fato a fato de cada capítulo.

Eu vou escrever superficialmente sobre os personagens principais. Muitas coisas não serão citadas. Para deixar um gostinho de quero mais, assim, todos que lerem isso, vão querer ler o livro.

Shento era um filho ilegítimo do general Ding Long, pobre, órfão de mãe, criado por quem ele chama de baba e mama. Nasceu, cresceu em Balan, Sudoeste da China. Sua vila pegou fogo, em um conflito da China com o Vietnã, ele achou que seus pais adotivos haviam morrido, assim, é levado para uma escola do Exército de Fujian, aonde diante de toda a amargura que vive ali, conhece uma criatura doce e amável, Sumi. É condenado a morte. Ele queria ser um general. Queria destruir o seu pai e todos envolto dele. Principalmente Tan, seu meio-irmão. Também queria Sumi.

Tan, filho legítimo do general Ding Long, rico, tinha de tudo, adorado pelos avôs Long, economista e Xia, comandante do exército, marinha e aeronautica. Seus avós eram bem próximos do presidente Mao Tsé Tung. Criado em Beijin. Tinha uma vida de luxo, até que o presidente Mao morre, e Heng Tu assumir o lugar. Depois disso, sua vida tornou-se simples, em Fujiam, no campo, no Solar dos Long. No meio de uma Revolução Cultural, não tinha uma escola descente por lá. Sr Koon vai à casa dos Long e convida Tan para ser seu aluno. Nessa escola Tan conhece Sumi. Ambos fazem muitas coisas juntas desde então. Apesar da intervenção em muitas coisas de seu meio-irmão, por causa de Sumi, ele consegue contornar a todas elas. Intervenções que sacrificaram a vida daqueles que eram seus amigos. Machucando até mesmo Sumi.

Sumi Wo, orfã de pai e mãe, conhece Shento, com o qual teve um filho e é expulsa da escola de Exército de Fujian, por estar grávida. É comprada por Gordo para ser futuramente a noiva de seu filho problemático, acreditavam que um dia ele iria ser normal, e Sumi casaria com ele. Enquanto isso, Sumi cuidava do rapaz e de seu filho. Ela consegue se livrar disso, graças a força dela e a ajuda de Tan e Sr. Koon. Tan e Sumi se formam na Universidade de Beijin. Fica conhecida pelo seu livro "A orfã". Para a ironia do destino, Shento aparece de repente em sua vida. Sua mente fica confusa, e começa a guerra entre Tan e Shento.

"Apaixonada por dois irmãos! Eu amaldiçoava o meu próprio destino, as três facas cravadas nele. Quem eu deveria escolher? Shento, com sua crueza da gente das montanhas e sua sede desesperada? Ou Tan, com o coração amoroso que tranquilizava minha mente, sem deixar espaço para a mágoa e a solidão, fazendo com que eu não precisasse mais nada? Um morreria por mim. O outro não viveria sem mim."

Avaliação:   😊😊😊😊😊

* Esse texto também se encontra no site http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/3445020