segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

"A MONTANHA E O RIO" - Da Chen

Mais um ano se passou, e aqui estou, como todos, em mais um começo de ano. Ano de 2012. Como todo começo de ano, sempre, cheio de promessas, mudanças, alegria e a espera do carnaval. Se bem que carnaval para mim, não faz a mínima diferença, é mais um dia como outro qualquer em meu calendário. Deixando de lado toda essa baboseira, aqui estou para escrever de um livro que acabei de ler e recomendo.

Mas antes vou contar a história desse livro, que não é a história do livro. Todas a vezes que eu vou à livraria, qualquer que seja, eu sempre vou correndo ver a exposição dos livros de novidades, mais vendidos, indicados, enfim. Um dia, faz um tempinho, eu vi esse livro, adorei a sua capa, o seu título, sua resenha, foi paixão a primeira vista, mas quando vi o seu preço, R$ 49,90, logo desisti. Mas foi difícil desapaixonar dele, eu queria ler o livro. Não sei se essa coisa de força de pensamento funciona, como diz nos livros "O segredo"- Rhonda Byrne, ou naquele outro "A lei da atração"- Michael J. Losier, o de pensar em uma 'coisa' que você quer muito, e com toda a certeza, ela virá em suas mãos. Pena que nunca vem a quantia de dinheiro que eu quero. Foi então que um dia, a minha ex-cunhada Carol, me apareceu com o livro e deu ele para mim. Não veio o dinheiro, mas veio o livro.

O livro é do autor Da Chen, e se chama "A montanha e o rio". Nascido no sul da China, emigrando para os EUA aos 23 anos. Formou pela Faculdade de Direito da Universidade de Columbia. Mora na região do vale do rio Hudson, no estado de NY, com a esposa e os filhos. Ele levou oito anos para concluir essa obra.

Depois de tanto blá, blá, blá, vou enfim escrever sobre a história do livro.

O livro "A montanha e o rio" traz consigo dados históricos da China como pano de fundo desse grande romance. Aonde o comunismo representado pelo personagem Shento, a montanha, o ditador, vive em conflito com Tan, de pensamento capitalista, o rio, o dissente. Mas pensem vocês, que o desentendimento de ambos era realmente proveniente disso, isso era apenas a cereja do bolo, melhor dizendo uma desculpa para a 'guerra' entre os dois. O real motivo de todo esse desentendimento era Sumi.

A maneira como Dan Chen, descreve o nascimento de Shento é extraordinário, simples e poético.

"...transformando-se numa espécie de mito ao saltar do ponto mais alto da montanha, comigo ainda ligado a ela pelo cordão da vida, o emaranhado cordão umbilical. Pulei para fora antes que ela se atirasse no abismo, nascido em pleno ar, pairando acima de tudo...A mão do destino interveio...fiquei subitamente agarrado aos galhos de um arbusto de chá...Num segundo que podia ter durado a vida inteira, rompeu-se o cordão umbilical...soltei um grito assustador...Fiquei balançando, suspenso nas alturas, preso nos galhos daquela planta abençoada. Minha mãe mergulhava em direção ao fundo..."

O livro todo carrega consigo esse tom poético, envolvente, que dificilmente quem começar a ler vai conseguir parar de ler. Escrita de maneira simples e sutil. Sua escrita me lembra a água do rio manso, que corre livremente, sem barreiras, sem obstáculo, sem pressa para chegar ao seu destino. Os únicos apressados somos nós, que temos a ânsia de querer saber de fato a fato de cada capítulo.

Eu vou escrever superficialmente sobre os personagens principais. Muitas coisas não serão citadas. Para deixar um gostinho de quero mais, assim, todos que lerem isso, vão querer ler o livro.

Shento era um filho ilegítimo do general Ding Long, pobre, órfão de mãe, criado por quem ele chama de baba e mama. Nasceu, cresceu em Balan, Sudoeste da China. Sua vila pegou fogo, em um conflito da China com o Vietnã, ele achou que seus pais adotivos haviam morrido, assim, é levado para uma escola do Exército de Fujian, aonde diante de toda a amargura que vive ali, conhece uma criatura doce e amável, Sumi. É condenado a morte. Ele queria ser um general. Queria destruir o seu pai e todos envolto dele. Principalmente Tan, seu meio-irmão. Também queria Sumi.

Tan, filho legítimo do general Ding Long, rico, tinha de tudo, adorado pelos avôs Long, economista e Xia, comandante do exército, marinha e aeronautica. Seus avós eram bem próximos do presidente Mao Tsé Tung. Criado em Beijin. Tinha uma vida de luxo, até que o presidente Mao morre, e Heng Tu assumir o lugar. Depois disso, sua vida tornou-se simples, em Fujiam, no campo, no Solar dos Long. No meio de uma Revolução Cultural, não tinha uma escola descente por lá. Sr Koon vai à casa dos Long e convida Tan para ser seu aluno. Nessa escola Tan conhece Sumi. Ambos fazem muitas coisas juntas desde então. Apesar da intervenção em muitas coisas de seu meio-irmão, por causa de Sumi, ele consegue contornar a todas elas. Intervenções que sacrificaram a vida daqueles que eram seus amigos. Machucando até mesmo Sumi.

Sumi Wo, orfã de pai e mãe, conhece Shento, com o qual teve um filho e é expulsa da escola de Exército de Fujian, por estar grávida. É comprada por Gordo para ser futuramente a noiva de seu filho problemático, acreditavam que um dia ele iria ser normal, e Sumi casaria com ele. Enquanto isso, Sumi cuidava do rapaz e de seu filho. Ela consegue se livrar disso, graças a força dela e a ajuda de Tan e Sr. Koon. Tan e Sumi se formam na Universidade de Beijin. Fica conhecida pelo seu livro "A orfã". Para a ironia do destino, Shento aparece de repente em sua vida. Sua mente fica confusa, e começa a guerra entre Tan e Shento.

"Apaixonada por dois irmãos! Eu amaldiçoava o meu próprio destino, as três facas cravadas nele. Quem eu deveria escolher? Shento, com sua crueza da gente das montanhas e sua sede desesperada? Ou Tan, com o coração amoroso que tranquilizava minha mente, sem deixar espaço para a mágoa e a solidão, fazendo com que eu não precisasse mais nada? Um morreria por mim. O outro não viveria sem mim."

Avaliação:   😊😊😊😊😊

* Esse texto também se encontra no site http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/3445020

Um comentário:

Fernanda Assis disse...

Ei Luciana,

Que resenha linda, eu já li este livro e amei também. Mas já tem muitos anos, acho que na época que lançou eu ganhei de presente.
Infelizmente não tem resenha dele no blog, teria que reler para poder escrever sobre ele.

Lindo os textos que vc citou, a escrita do autor é mesmo muito poética.

bjos