sábado, 6 de julho de 2013

"MEMÓRIA DE UMA GUEIXA" - Arthur Golden

O livro "Memórias de uma Gueixa” é um belíssimo romance de Arthur Golden. Não é a toa que foi parar nas telinhas dos cinemas. Aonde o misterioso universo das gueixas é revelado de uma forma detalhada e delicada, sem ficar vulgar. Deixando evidente que diante de toda aquela “máscara”, há uma pessoa de sentimentos, que tem os seus desejos e anseios, mas que jamais podem ser demonstrado. 

O livro nos leva a uma história real, mas tudo o que Arthur Golden fez foi criar um mundo fantasioso, uma ficção. Parece uma autobiografia real por tudo que conheço por ser uma japonesa de família  tradicional, apesar de eu ter nascido no Brasil. Mas não é. Ele conseguiu unir elementos dos modos e costumes da época, ou seja, a cultura desse povo, sua tradição, tendo como pano de fundo para a ficção a pré e pós 2º guerra mundial.

A obra apresenta a história de Chiyo Sakamoto, uma pequena menina que nasceu em uma pequena vila chamada Yoroido, um local afastado dos grandes centros do Japão. Sua mãe doente se vai e seu pai já velhinho não conseguiria cuidar dela e de sua irmã mais velha, Satsu. 

Sua mãe sempre dizia que:

“Minhã mãe dizia que eu era como a água. 
A água abre caminho mesmo através da rocha. 
E diante de algum obstáculo, ela encontra outro rumo.”

E foi exatamente o que aconteceu durante toda a sua vida. Entre tempestades e bonanças, Chiyo sempre foi esperta para saber os caminhos a tomar. Aos nove anos, Chiyo conhece Sr. Tanaka, o ‘presidente’, e se encanta por ele. Ele gosta de seus olhos claros, jamais vistos em qualquer oriental. Ela vê as gueixas que o acompanha e decide que quer ser igual a elas para andar ao lado do homem desejado. Um carrossel de emoção a invade. Ela quer ser uma gueixa. Ela vê nisso uma esperança em sua vida. 

Mas tudo isso não é contado claramente pelo autor-personagem, ele apenas nos aguça para passear nesse carrossel de emoções junto com a narração. Como se ela, que durante toda a vida, teve que confidenciar seus próprios sentimentos e segredos, não quisesse abrir a sua vida para qualquer pessoa. Uma coisa muito valiosa, que somente ela tem que saber. Nasceu com ela e morrerá com ela.

Momentos sofridos vive Chiyo, como escrava, até se transformar na famosa gueixa Sayuri. Em cima disso é apresentada a cultura japonesa, quanto à dança, música, vestuário, maquiagem, modos, educação e a dura vida de uma gueixa. 

“A dor é uma coisa muito esquisita; ficamos desamparados diante dela. É como uma janela que simplesmente se abre conforme seu próprio capricho. O aposento fica frio, e nada podemos fazer senão tremer. Mas abre-se menos cada vez, e menos ainda. E um dia nos espantamos porque ela se foi.”

Mas seu coração jamais esqueceu o presidente. Sua irmã ela encontrou, também se tornara gueixa, mas de outra casa diferente da dela. Depois da guerra nunca mais teve notícias dela. 

Uma coisa que fica meio camuflado tanto no filme como no livro, e eu fiquei em dúvida e depois entendi, é que as gueixas não têm relações sexuais com os homens que elas vêm a divertir. Mas sim quando consegue o seu Danna, quem sustentará ela para o resto da vida. Dessa forma, se libertando das dívidas de sua casa, ganhando presentes caros, indo desde vestimentas até bens maiores.

Com a 2º guerra, Sayuri é levada para um lugar campestre, onde tem que se submeter às atividades totalmente diferentes, pois houve uma invasão dos estrangeiros na região, com isso, todas as Casas de Chás, local aonde ocorria os encontros das gueixas com os homens, se fecharam. Passado a guerra, vão buscar Sayuri e ocorre o encontro com o seu Danna, que mal podia esperar ela que seria aquele que seu coração jamais esqueceu, o presidente.

"Não devemos esperar felicidade. É algo que nós não merecemos. Quando a vida é boa, é um presente transitório. Não dura para sempre."

Um livro muito emocionante e empolgante, aonde consegue ajuntar muitas informações reais que torna o rico. Uma história fascinante de uma sensibilidade enorme. É difícil quem lê e não consegue visualizar cada cena dos acontecimentos, até mesmo o detalhe das roupas, do enfeite de cabelo, tudo tão detalhadamente descrito. Um tipo de livro que não conseguimos parar de ler, porque os fatos são muito bem interligados, o que deixa o romance interessante.

Arthur Golden é um escritor norte-americano, formado em Havard em 1978, em História da Arte, especializou-se em Arte Japonesa. Mestre em Artes, dedicou à História Japonesa, na Universidade de Columbia. 

Avaliação:   😊😊😊😊😊

terça-feira, 21 de maio de 2013

A educação e a sua herança

Ao ler o texto “História da Educação”, de Maria Lúcia Arruda Aranha, podemos observar os resquícios existentes na área educacional carregados hereditariamente ao longo da história até os dias de hoje. Muitas transformações ocorreram, o que antes cabia somente à família na educação dos pequenos, no decorrer da história, até mesmo por motivo de necessidade do Estado, passou a ser difundido em grupo, o que transformou em um aprendizado homogêneo. Mas não devemos esquecer que isso era para poucos.

Anteriormente das crianças entrarem nas escolas, segundo Protágoras, com os dizeres de Platão, cabiam aos pais ditar seus valores, diferenciando uma coisa da outra, naquilo que achavam que era certo ou errado. A criança já entrava nas escolas com conceitos já construídos, cabia aos mestres, então, prepará-los para a vida. Esses mestres quando considerado uma mercadoria o seu saber, era considerado mercenário ou servil. Eles não deveriam cobrar para ensinar porque o conhecimento era para ser transmitido sem visar lucros, se tornando um benefício seu ou de seus próximos. O que se pararmos para refletir no que realmente acontece hoje em dia na área da educação, deixando de lado países desenvolvidos, mas aqueles que ainda são atrasados podem ser que tenha os resquícios de consequências desse passado. Aonde professores são explorados com salários baixíssimos, não dando a importância para seu saber, do quanto ele se dedicou, assim como em outra profissão qualquer que um profissional se dedica.

É importante dizer que muito antes não existiam mestres ou professores, quem incumbia de educar as suas crianças era a família, seguindo tradicionalmente a religião. Mas com o aparecimento da aristocracia dos senhores da terra, houve uma necessidade da preparação de jovens para combates e proteção da terra. Ou seja, o pensamento enquanto vida, passou de individual para comunitário, em grupo. Dessa forma, surgiram as primeiras escolas, aonde havia a troca de valores, talvez “unificando” uma cultura daquela região. Pode ser que seja radical dizer unificar, então, o melhor a dizer seria, cultura homogênea, talvez.

É muito importante deixar claro que essa escola era pra elite. Eram os filhos de ricos que iam para combates, e isso era nobre, diferentemente do que sabemos com o que ocorreu posteriormente na história da humanidade, invertendo a posição do lugar do nobre.

Assim, sabemos que nessas escolas a formação esportiva era muito forte em relação a da intelectual. Somente por volta do século V a.C. que essa concepção de preparação apenas para guerra teve uma mudança, dando espaço maior para o lado do intelecto. Isso visava a formação do homem completo, indo desde a física até a espiritual.

O que podemos observar nas epopeias de Homero, visando a educação na formação cortês do nobre. Sendo esse um guerreiro carregado de bons valores de uma sociedade aristocrática que justificava os privilégios de uma linhagem nobre de origem divina. Sua função era saber proferir palavras belas e realizar ações.

Nas escolas espartanas, ao contrário de outras cidades gregas, havia uma valorização muito grande para a preparação para o combate, e isso acentuou mais quando Esparta derrotou Atenas. Nessa época começa a política de exclusão, aonde somente àqueles que eram fortes e saudáveis sobreviviam, os fracos e deficientes eram abandonados porque não serviam para guerrear.

Com uma educação pública e obrigatória, as crianças começam a frequentar a escola aos sete anos, aonde tinha atividades de dança, música e canto até os doze anos. Depois disso, a educação física se torna uma preparação para combates, o que não deixava de ser importante também a educação moral, como a obediência, aceitação de castigo e respeito aos mais velhos.

Ao contrário de Esparta, os atenienses valorizavam o lado intelectual. A educação também inicia aos sete anos e o ensino não é obrigatório e nem gratuito, sendo uma iniciativa particular. Assim, iam o escravo, um pedagogo e o aluno no local onde praticava exercícios físicos, nesse que não aprendia somente a destreza corporal, mas também orientações morais e estéticas. Tinham a preocupação com a formação integral do homem, tornando-se útil em palavras e em ações.

Como eles valorizavam bastante a formação intelectual, houve a formação de três níveis da educação: a elementar, a secundária e a superior. Sendo a educação elementar tendo o término por volta do treze anos, o que poderíamos dizer que seria a nossa educação fundamental. As crianças que eram de famílias pobres iam à busca de algo para fazer em suas vidas, enquanto que as de famílias ricas continuavam os seus estudos, sendo essa próxima etapa a educação secundária, talvez o antigo ginásio que conhecemos. Deixando claro que dos dezesseis aos dezoito anos a educação militar era obrigatória na educação.

A educação superior era para poucos, aonde se dedicavam a profissionalização dos mestres e à didática. Sócrates, Platão e Aristóteles eram professores da educação superior. Podemos observar que essa formatação da educação permanece até os dias de hoje, algumas coisas se assemelha bastante com as escolas militares que temos por aqui, em outras que não são militares pode ser que venha acompanhada com outros nomes, conteúdos e pensamentos, mas a ideia é a mesma.

Já no período helenístico, por volta do século IV a.C., com a decadência das cidades-estados, há a fusão de civilizações, o que denominamos de cultura helênica. Nela ocorre algo inovador, o tempo para os exercícios físicos diminuem e há o aumento de estudos teóricos, dando valor à formação do homem culto. Disso resultou a proliferação de escolas filosóficas, sendo que a junção de algumas delas deu vida a Universidade de Atenas.

Diante tudo isso, podemos observar que a educação sempre foi voltado aos interesses do Estado. Anteriormente devido às guerras tudo era voltado em cima disso. Mas com o tempo a valorização do intelecto do homem começou a ter o seu destaque e foi deixado para trás a supervalorização da educação voltada para a guerra, resultando no que temos hoje, países desenvolvidos. A força física perante o Estado não fazia mais serventia, foi deixada para trás, e o que resultou e está prevalecendo até hoje é a força mental, resultando no que temos: uma guerra de intelectos.


Textos base:
- História da Educação - Maria Lúcia de Arruda Aranha
- Aristóteles, Política -  Trad. Mário da Gama Kury. Brasília, Ed. Universidade de Brasília, 1985, p. 269-270

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Filme: "Homem de Ferro 3"


Título Original: Iron Man 3
Título do Filme: Homem de Ferro 3
Gênero: Ação / Ficção Científica
Ano: 2013
Tempo de duração: 2h 11 min;
País de origem: EUA
Diretor: Shane Black
Com: Robert Downey Jr., Ben Kingsley, Don Cheadle, Samuel L. Jackson, Gwyneth Paltrow, Jon Favreau, Guy Pearce, Luke Falconer, James Badge Dale

O filme “Homem de Ferro 3” é a continuação de “Homem de Ferro” e “Homem de Ferro 2”, personagem da Marvel Comics. Eu diria que é um filme muito bem feito, bem redondinho, típico de americano. Gosotoso de se ver. Difícil é desviar a atenção e perder uma parte que seja do filme.

Como qualquer outro filme de super-heróis americanos, traz uma característica clássica. Além dos efeitos especiais, todo aquele ilusionismo de grandes explosões, aquela coisa de destruições devastadoras carregando todo mundo, pessoas fugindo de destruições maiores que um ser humano suportaria, como algo que se parecesse que o mundo vai acabar, algo sobrenatural. Pois é, tudo isso é muito óbvio nesses filmes, mas que deixa todo mundo com a atenção voltada ao filme. Sem piscar, na maioria das vezes.

Mas a grande característica que jamais pode faltar, seria até um insulto para os americanos, é a de que todos esses super-heróis que conhecemos representam a América do Norte, para ser mais específico os EUA. Como se dizendo que somos o dono do mundo, ou será que é por acaso que as vestes dos super-heróis geralmente são representadas pelas cores da bandeira do país americano? Em “Homem de Ferro 3”, a armadura recebeu a cor vermelha e um tom azulado, deixando claro que as cores originais são vermelhas e douradas.

Lembrando que o nacionalismo dos americanos é muito grande, na vida real mesmo, os super-heróis representam a figura do povo e o presidente está sempre protegido por eles. A figura de que Tony Stark, representado por Robert Downey Jr., vulgo Homem de Ferro, deixa bem claro tudo isso.

Não podemos esquecer que eles sempre estão combatendo alguém, como inimigos ou catástrofes, como no sentido figurativo, eles sendo os superiores do mundo, até mesmo da galáxia, porque seres de outros planetas eles também acabam de um jeito ou de outro vencendo.

O que acontece é que Tonny Stark tem terríveis pesadelos ou não consegue dormir por causa do uso da armadura de Homem de Ferro. Mandarim, interpretado por Guy Pearce, é um deles. Ele destrói a casa de Tonny e Pepper Pottys (Gwyneth Paltrow), sua namorada. E assim fica, há até a impressão de que alguém está ameaçando a América do Norte.

Tem uma frase que o suposto Mandarim, que na verdade era um ator assumindo a sua figura, muito parecido com o estereótipo do povo do Oriente Médio, o Ben Kingsley que diz: Quem inventou o biscoito chinês não foram os chineses, foram os americanos, porque é oco por dentro e quando comemos deixa um gostinho amargo na boca. Como tom de provocação.

Raptam o presidente dos EUA. Toda a farsa é desmascarada e o Homem de Ferro descobre a verdadeira identidade de Mandarim. Há o confronto e como é de praxe, o super-herói vence. E assim termina mais uma história de super-herói americano. Com final feliz e a América salva das garras do inimigo.

domingo, 28 de abril de 2013

"O CAÇADOR DE PIPAS" - Khaled Hosseini

Quando a gente fala em "O caçador de pipas”, algumas pessoas associam logo com o filme, mas mal sabem o que está perdendo deixando de ler o livro. Não estou querendo dizer que o filme é ruim, mas como todos sabem, filme é filme. Um resumo bem contado de alguma obra, e é exatamente o que acontece com essa obra.

Um romance muito bem escrito, cheio de detalhes e fatos minuciosamente detalhados. Muito emocionante. Apresentando a cultura e a história do povo afegão. Há uma evolução nos fatos que dificilmente alguém que comece a lê-lo vai querer parar. Quem narra a história é Amir, um dos personagens principais, que se torna romancista famoso, um afegão que vai para os EUA e resolve voltar ao seu país de origem para acerto de contas com o seu passado.

“...descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar.” 

O pano de fundo da história ocorre no Afeganistão, em Cabul, nos anos 70, quando ele começa a relembrar a sua infância. Amir e seu amigo Hassan, ambos amamentados pela mesma mulher, apesar desse fato, havia uma coisa que impedia que eles fossem iguais socialmente. O pai de Amir era rico e muito respeitado pelos afegãos, enquanto Hassan era apenas o filho do empregado na casa de Amir.

Amir soltava pipas como ninguém, já Hassan um ótimo catador de pipas, sabia exatamente aonde a pipa caía. Ignorante, sem estudo, com lábios leporinos, Hassan era um fiel amigo de Amir, defendia-o das brigas. Certo dia, porém, aos 12 anos, Amir vence a batalha das pipas, Hassan vai ao encontro da última pipa, ele encontra Assef, seus inimigos. Amir vai ao encontro de seu amigo, quando se depara com a cena de seu amigo sendo brutalmente violentado por Assef. Amir sem coragem de impedir tal violência prefere se esconder, fingindo não saber do acontecido.

Com esse peso que ele carregava consigo e impotente diante daquela situação, ele não conseguia mais ver o amigo em sua casa e acaba preparando uma armadilha. Vai até a casa de Hassan e esconde um relógio de pulso e dinheiro no colchão do amigo. Inocentemente, Hassan assume o crime e ele e seu pai Ali mudam para Hazarajat. Seu amigo nunca mais o vê, mas ele vive atormentado com a traição.

“Abri a boca e quase disse algo. Quase. O resto da minha vida poderia ter 
sido diferente se eu tivesse dito alguma coisa naquela hora. 
Mas, não disse. Só fiquei olhando. Paralisado.”

Com o novo regime soviético, Amir e Baba, o seu pai, vão para EUA. Lá seu pai trata de um câncer de pulmão. Amir conhece Soraya Taheri, e se casa conforme os seus costumes, de uma maneira tradicional. Soraya cuida de Baba até morrer. Os anos se passam e o casal descobre que não podem ter filhos.

Amir vai ao encontro de Rahim Khan, que vivia em Peshawar, no Paquistão , um amigo de infância, que conta tudo o que aconteceu depois da guerra civil. Fica sabendo também que esse amigo foi morar no casarão que era de Amir e Baba, levando Hassan, sua mulher e o filho, o Sohrab. Passados os anos Hassan e sua mulher vão para Cabul e são assassinados por um soldado talibã e Sohrab vai para o orfanato.

Rahim pede para que vá ao Afeganistão e pegue Sohrab. Para fazer com que Amir vá fazer isso, Rahim revela um segredo de família e descobre que Hassan era seu meio-irmão, pois Ali era estéril e Baba o seu verdadeiro pai, dessa forma, Sohrab seria o seu meio-sobrinho.

Depois de muito pensar, Amir vai para Cabul e descobre o orfanato que o menino está. Chegando lá ele descobre que o menino foi levado por um oficial Taliban, o Assef, e o usava como escravo sexual. Há uma luta entre Assef e Amir aonde Assef fica caolho uivando de dor, graças a Sohrab por salvar Amir. Os dois fogem para o Paquistão, Amir tenta adotar o menino, mas há problemas, Sohrab fica sabendo que terá que ficar no orfanato, tenta se suicidar cortando o pulso, mas Amir chega a tempo. Descobrem um meio de levar o menino para os EUA. Como o ano novo afegão é celebrado com uma competição de pipas, Amir leva o menino para soltar pipa, o menino fica contente, demonstrando apenas com um sorriso e há um novo recomeço na vida dos dois. Como se aquilo que tanto pesava durante todos esses tempos na vida de Amir fosse libertado, que todo aquele sentimento de culpa se foi. E para Sohrab, uma nova vida.

“— Por você, faria isso mil vezes! — me ouvi dizendo.
Virei, então, e saí correndo.
Tinha sido apenas um sorriso, e nada mais. As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só um sorriso. Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o movimento de um pássaro que alça vôo.
Mas me agarrei àquilo. Com os braços bem abertos. Porque, quando chega a primavera, a neve vai derretendo floco a floco, e talvez eu tivesse simplesmente
testemunhado o primeiro floco que se derretia.
Saí correndo. Um adulto correndo em meio a um enxame de crianças que gritavam. Mas nem me importei. Saí correndo, com o vento batendo no rosto e um sorriso tão grande quanto o vale do Panjsher nos lábios.
Saí correndo.” 


Avaliação:   😊😊😊😊😊

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Um vilão chamado tomate

Em um lugar conhecido e ao mesmo tempo desconhecido por todos nós, vive vários grupos de indivíduos. Eles costumam ser estranhos. São pessoas, animais que se assemelham a homens, e homens que são verdadeiros animais. Interprete isso como você quiser.

Todos de um modo ou outro se alimentam de coisas provenientes da terra. A terra é algo muito curiosa, dela surgem coisas impressionantes. Uma dessas coisas é um legumes muito desejado ultimamente por muitas donas de casa. Agora fiquei em dúvida, será que é um legumes ou fruta? Muito bem! Seja lá o que for, é o tomate.

Outro dia eu fui ao mercado, nem queria comprar tomate, fui conferir o preço. Todos comentavam, mas eu não acreditava. Foi então que fui surpreendida:

- Mãos para o alto, é um assalto!

Calma gente, esse foi o meu pensamento diante do preço que estava à minha frente. O tomate estava custando R$ 14,00 o quilo. Saí de lá pensando nas baboseiras, mas com fundo de verdade, que havia visto nas redes sociais. Coisas do tipo: colar com tomate no lugar da pérola; tomate em caixinha de aliança; a Dilma dizendo: agora eu quero ver jogar tomate nos políticos; eu sou rica!! Comi tomate; e por aí vai, tomate, mais tomate e tomate.

Tinha até um movimento para que ninguém comprasse tomate, dessa forma, os preços despencariam e assim, como Cinderela em seu conto, eles de princesas ficariam ralé.

Sonhei com isso. Juro! Em meu sonho:

Toda a população de tomate estava sendo caçada, como Judeus sendo caçados por Hitler e seus aliados na Segunda Guerra Mundial, e exterminados. E era um corre-corre daqui e de lá, tudo para que o culpado da inflação fosse punido.

Assim toda a população de tomate em massa, massa de tomate virou.

Os problemas não foram resolvidos e aquilo que eles achavam que fossem o vilão da história, calado foi.

E por aqui fico 'in memoriam' a todas as famílias de tomate.

Brincadeiras a parte, agora realmente, por aqui fico, e pensando se não fosse o tomate, qual seria o outro culpado da história?

terça-feira, 16 de abril de 2013

Aquário de São Paulo

Sou uma daqueles milhares de pessoas que até então não tinha ido visitar o Aquário de São Paulo mesmo morando aqui faz onze anos. Desculpas vão, desculpas vêm, e nunca tinha tempo para ir. Talvez por preguiça mesmo, mas o querer ir nunca saiu de minha cabeça. Foi então que resolvi ir.

No meio dessa cidade agitada, um lugar sereno e calmo em meio de água tanto doce, como salgada, a tranquilidade preserva. Como uma dança, espécies enormes, ficam a desfilar para cima e para baixo em um milhão de litros de água salgada. Espécies um pouco menor de água doce também mostram a sua beleza em tanques medianos. E no meio de toda essa calma, o bicho preguiça, o tamanduá, a cobra e os macacos dormem em um sono profundo. Somente os morcegos fazem balbúrdia.

É de se espantar com a variedade de espécies aquáticas que o local preserva. Muitos que não conseguiríamos jamais ver tão de perto, e vivo, lá a gente consegue ver. Tão próximo que vira modelo fotográfico para muitos visitantes. Espanto para muitas crianças, admiração de muitos adultos, e curiosidade de todos.

Além de todas essas atrações, o espaço apresenta meios de se ter uma preservação ambiental, as causas que ocorre a não preservação, deixando claro a importância e a responsabilidade que todos devem ter com o meio ambiente. Afinal estamos inseridos nele. A falta de preservação que pode levar a morte de animais semelhantes com aquele que achamos bonitos do outro lado do vidro.

O local também tem um pequeno museu com fósseis de peixes, tubarão, tartaruga, réplica de alguns animas antigos. Um Vale dos Dinossauros apresenta espécies da pré-história, todo mecanizado. Havia presença de esqueletos de alguns dinossauros. A evolução das características físicas do homem também podia ser visto em uma rápida passagem.

E para finalizar o passeio, nada mais do que ver os alegres e fanfarrões pinguins atraindo a atenção das criançadas e dos marmanjões. Como se eles fizessem questão de chamar atenção, lá estavam eles próximos da gente mergulhando e fazendo as suas traquinagens.

Um passeio interessante para todas as idades. Deixaria qualquer um impressionado com tanta beleza que esse mundo ainda tem, mesmo sabendo de tantas dificuldades para preservar. Mas mesmo diante de tanta dificuldade, incentivos de preservação como mostra o local, pode ser uma das soluções para que haja uma modificação cultural em um determinado povo, e assim se expandindo até que toque naqueles que realmente precisam.

Para quem se interessou e quer dar um passeio por lá, assim como eu fiz: http://www.aquariodesaopaulo.com.br/

sexta-feira, 12 de abril de 2013

SONHOS E RECÔNCAVO - pintura de Suzart


Em meio de traços delicados ondulantes como sopros de um sonho, as obras do artista visual Suzart apresentam o sonho e a cultura popular do Recôncavo Baiano. Desejos que muitas vezes ficam apenas no imaginário das pessoas pertencentes àquelas regiões, sonhos deixados para trás por não ter opção de realização, mas que através das cores o artista dá um colorido para eles. Os traços em conjunto com as cores dão o ar da mescla de raças daquela região.

O artista Valdney Suzart é natural de Muritiba, cidade localizada no interior da Bahia, teve seus trabalhos premiados no Brasil, e em outros países como na Alemanha, Estados Unidos e Senegal. A exposição conta com quinze novas obras do artista.
Em suas pinturas apresenta técnicas acrílicas, carvão ou mistas. São obras pós-modernista são simples, mas diz muita coisa quando bem apreciada.

Nelas há a presença de pessoas e objetos, mergulhados em um mundo real, irreal ou os dois juntos. Algumas provocando uma angústia enorme, outras, uma tranquilidade sombria. As cores ajudam a contar a história de cada pintura, ora cores fortes para causar impacto, como se elas estivessem gritando para o espectador, ora cores claras para refletirmos e penalizarmos com a cena diante de nós.

Em meio de traços delicados, cheio de detalhes, muitos mistérios e poesias resumem as suas obras, tornando expressivo cada tela, sem que precisemos usar a nossa razão para entender o que se passa, mas apenas nossas emoções, dizendo para nós mesmos o que ele diz.

São joias que muito não verão tanta preciosidade, mas que há muito valor. Dizendo sobre uma região de um país que moramos, sobre a cultura daquele povo, pessoas que moram lá, e muitas vezes coisas que não é somente característico daquela região, mas assim como ela, outras também podem se semelhar. Um Brasil de misturas, mas que muitos se identificarão, não apenas com a semelhança de cultura, mas sentimentos, sonhos e realidades deixadas para trás.

Essa exposição ocorreu no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, nos dias 08/12/2012 até 24/02/2013, mas, só consegui escrever agora. Para quem se interessar, apesar de não dar mais para apreciar as obras ao vivo, vale a pena ver algumas delas na internet.

Imagens retiradas do site: 
http://9dadesasolta.wordpress.com/tag/roset/
http://500px.com/RodrigoCapulleto

quarta-feira, 20 de março de 2013

Livro: "Fazer o bem faz bem" - Maria Helena Gouveia

O livro "Fazer o bem faz bem", de Maria Helena Gouveia, apresenta a história de um grupo de pessoas, que com muito amor, sem esperar nada em troca, dedicaram tempo de sua vida para acarinhar outras vidas. Trabalhos que da boa vontade de querer ajudar os outros foram fortalecidos por outras boas vontades, resultando no que chamamos de entidades sociais.

Aonde o primeiro setor, que são as organizações governamentais, ou seja, o Estado e o segundo setor, que é o privado, não regem diretamente no que chamamos de terceiro setor. Esse voltado para o exercício de cidadania, dando assistência aos carentes e sem fins lucrativos.

Um setor que sobrevive de pessoas cheias de ideias, aonde a comoção desperta um grande sentimento nas pessoas, que voluntariamente se dão ao projeto, sem esperar retribuição de outrem, porque o maior ganho de tudo isso é a sensação de dever cumprido. Se pensarmos bem, não é bem um dever cumprido, mas sim um sentimento de satisfação pelo resultado obtido. O termo dever implicaria em obrigação e isso não caberia a entrega dessas pessoas nesses projetos.

Pessoas que da experiência própria de vida, a usaram para dar forças às outras que passam ou passaram pela mesma situação. Como é o caso de Victor Siaulys, que de uma experiência real com a sua filha, uma deficiente visual, se interessou e foi além dos assuntos que se tratava de deficiência visual e fundou a Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual - Laramara.

Pessoas que de um coração solidário viu esperança aonde não tinha. Como é o caso de Liana Muller Borges, fundando a Associação Criança Brasil, em 1990, iniciando o seu trabalho com as crianças da favela, abrindo uma creche para que as mães fossem trabalhar. Acreditando naquelas crianças. Com a ideia de que elas são o começo de tudo. Ela visou em seu projeto a colocação daquelas crianças em um lugar na sociedade, não visando apenas o emprego, mas sim a formação enquanto o cidadão.

Da mesma forma solidária fez Wellington Nogueira, que poderia ser um astro da Broadway e preferiu focar o seu exercício da profissão no projeto "Doutores da Alegria". Um projeto que leva a alegria e a felicidade para aquelas pessoas que de alguma forma procuram a esperança de vida em cima de uma cama de hospital.

Assim como Wellington e outras entidades como AACD, Casa HOPE, Promove, entre outras, também estão aí plantando as sementinhas. Assim, conscientizando e trazendo uma melhora na sociedade, que nos últmos tempos vem sendo intitulada como egoísta e individualista. Sementinhas que contradiz aquela frase formada de que  "o mundo não tem mais jeito", talvez não consiga mudar de uma hora para a outra, mas sim pouco a pouco.

Avaliação:   😊😊😊😞😞

segunda-feira, 18 de março de 2013

Zuim e o carrossel


Em uma aldeia muito distante, rodeado pelos montes mais altos do mundo, vivia um mago muito poderoso e seu bichano de pelos negros. Todos que viviam por ali tinham medo deles. Viviam trancados no castelo. Zuim era o seu nome. Um mago rico e tinha tudo o que queria, mas era infeliz e maldoso. Aproveitava de seus dons para fazer maldade em seu povo. Em seu coração carregava uma revolta de infância.
Quando era pequeno, a sua mãe nunca o deixou sair de noite. Seus amigos viviam chamando o pequeno mago para brincar no carrossel.
- Mãe, eu posso ir com os meus amigos brincar no carrossel?
- Não, menino! Quantas vezes eu tenho que dizer não? Vai ler os seus livros.
E assim, todas as noites, enquanto todos iam felizes brincar no carrossel, ele ficava em casa lendo os seus livros de magia. Seus amigos o zombavam por causa disso. Ele ficou com ódio da noite e das pessoas felizes.
 O tempo foi passou, Zuim se tornou um grande mago, mas o seu rancor pela noite não desapareceu. Toda noite, da janela do seu castelo, ele via as pessoas felizes, e ficava irritado. Eram crianças brincando, casais apaixonados, o sorveteiro e o pipoqueiro que não paravam de trabalhar, e a lua e as estrelas brilhando e sorrindo para as pessoas como sempre. Então, ele decidiu que queria acabar com tudo aquilo.
Foi até o seu grande livro e encontrou a magia que queria. Caminhou até a janela e começo a pronunciar as palavras.
- AZ BRILHUM ESTRELAS VIM BUM BIM
  GIM BIM NAM ESCALAPIM BUM...
Os brilhos de algumas estrelas vieram e pousaram em uma grande bola de cristal, presa por três pés no meio da sala.
            - Hum! É isso! Toda noite roubarei um pouco do brilho das estrelas. A noite acabará! E ninguém mais será feliz.
Solta uma risada escandalosa. Aponta para o bichano.
            - Você, meu fiel e companheiro amigo, tomará conta desse meu tesouro.
Como resposta.
            -Miaaaaaauuuuuu!
            - Eu sei. Você é único que me entende!
Todas as noites ele roubava um pouco do brilho das estrelas. A noite foi ficando sem brilho. A lua foi sentindo falta de suas filhas estrelas que não brilhavam mais. Ela, então, adoeceu e foi parando de iluminar a aldeia. As pessoas com medo da escuridão, não saiam mais. O mago foi ficando feliz.
            Uma noite, porém:
            - Pronto! Já fiz o meu trabalho de hoje. Falta pouco! Amanhã eu termino de pegar todos os brilhos que me restam.
Solta uma risada apavorante, dá um beijo na bola, passa a mão nos pelos de bichano e sai.
De repente, um rato invade a sala. O bichano vai atrás. Um corre-corre daqui e dali. Derruba livro, poções, e sem perceber, esbarra em um dos pés que apoiava a bola. A bola saiu rolando. O mago aparece:
            - Nãããããããoooo!!!
A bola saiu rolando pela janela afora. Caiu no jardim em cima de uma pedra. A bola se quebrou e todos os brilhos subiram para o céu. As estrelas voltaram a reluzir. A lua feliz ficou e voltou a brilhar. O poderoso mago se pôs a chorar. Ficando triste demais. As pessoas felizes voltaram a sair de suas casas.
A lua resolveu ajudar o pobre mago. Reuniram todas as estrelas e fizeram uma surpresa para o mago. Montam um enorme carrossel em seu jardim. Ele maravilhado, monta em um dos cavalos. Com a ajuda de sua sabedoria em magia, coloca o brinquedo para funcionar. Levando Zuim em direção ao céu, sorrindo para a lua e as estrelas.
Todas as noites, então, ele passou a chamar o povo de sua aldeia para dar um passeio no carrossel. Começou a fazer amigos e a usar a magia para fazer o bem. Para sempre, Zuim foi feliz com a noite.
            Espere! Tem alguém que não ficou feliz com tudo isso, o bichano. Ele virou brinquedo da criançada.
            - Miaaaaaaauuuuuuu!