quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sonho de criança


Outro dia, eu estava correndo, brincando, gargalhando, e tudo mais. Parecia que eu era uma criança demasiadamente feliz, como nunca fui, tão saltitante, brincando com todos e todos me incluindo em suas brincadeiras. Eu e muitas crianças estavamos nos divertindo. Eramos livres em uma terra desconhecida.

Um lugar misterioso e convidativo. Uma rua que dava em uma viela. Uma viela calma que se abria no formato de uma piscina sem forma, com um imenso chafariz. Um chafariz que cuspia muita água límpida. Em seu chão muitas moedas douradas, que reluziam com o sol. Sua água desembocava em um lindo lago cheio de peixes coloridos.

Em uma das bordas do lago tinha uma placa dizendo que Mr. Frog habitava por alí. Mais a frente lá estava ele, dentro do lago, em cima de uma vitória-régia. Como um marajá, ele exibia a sua cartola preta e seu charuto recém aceso. Em suas baforadas, muitos desenhos se formavam. Algumas crianças tentavam alcançar os desenhos. Mas suas tentativas eram frustrantes.

Muitos pássaros voavam, eles pareciam participar de nossas brincadeiras. Pássaros de penas longas e coloridas. Alguns tinham em suas penas mínúsculas pedras brilhantes, que formavam flores. Pareciam que alguém as tinham vestidas em vestes de gala.

O gato branco dormia tranquilamente no parapeito da janela de um das casas da viela. Um bichano gordo, de pelos longos. Seu ar preguiçoso era um destaque. Mesmo com a nossa gritaria, ele não estava nem aí, podia o mundo acabar, e lá estava ele, deitado, desdenhando da nossa gritaria.

Muitas árvores compunham o cenário. As crianças escalavam elas para pegar frutas. Frutas vermelhas, amarelas, laranjas. Cada árvore com o seu fruto. Nunca tinha visto aqueles frutos tão deliciosos, doces e apetitosos. Os macacos também comiam os frutos. Eles competiam com as crianças gulosas. Cada vez que um fruto era apanhado, outro fruto ocupava o mesmo lugar.

A chuva veio e todos vibraram com a ela. Cada pingo, uma comemoração. Uma chuva passageira. Que logo a chuva se foi e o sol voltou todo reluzente, trazendo um lindo arco-íris. Uma das pontas do arco-íris acabava no chafariz. Muitas crianças tentavam pegar as cores flutuantes. Mas nenhuma delas tiveram sucesso. De repente, as cores foram sumindo e dando lugar para a beleza do pôr-do-sol. Todas ficavam encantadas, e apreciavam o tal fenômeno, presente da natureza.

Ninguém se cansava. Não tinha adultos para proibir. Não tinha relógio para contar as horas. Eramos donos de nós mesmos em um mundo de ninguém.

Comecei a escutar uma música. Ela foi aumentando, aumentando e aumentando. Até que me dei conta, de que toda aquela realidade era um sonho. No momento em que abri os meus olhos, eu queria voltar. Queria ser um daqueles bruxinhos de JK Howling, e poder 'aparatar'. Voltaria para aquele lugar mágico. Um lugar cheio de encanto.

Esse texto você pode encontrar no link: http://www.recantodasletras.com.br/juvenil/3442388

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Meu presente de Natal


Todo Natal é a mesma coisa, presentes para todos os lados. É presente pra mãe, pro pai, tio, tia, avô avó, primos, primas, namorado, filho, amigos. Uma lista imensa, quase sem fim. Os mãos-de-vaca não contam. Praticamente é o maior comércio do ano. Esqueceram totalmente o sentido do Natal. Com exceção de alguns católicos que ainda festejam o nascimento de Jesus. Outros preferem se empanturrar com as deliciosas comidas feitas durante um dia inteiro de trabalho das avós e mães.

Mas convenhamos, quem é o indivíduo que não gosta de ganhar um presente? É sempre uma alegria ganhar algo. De ser lembrado por alguém, independente se gostamos ou não do conteúdo. Acredito que inventaram o amigo secreto com o intuito, de que ninguém fique sem presente. Todo mundo ganha um e fica feliz.

Bom! Sabendo que o Papai Noel, de novo, não vai trazer o meu presente. Aliás, não sei até hoje qual é o critério de seleção para esse bom velhinho, não sei o que é ser bonzinho pra ele. Todo ano sempre fui boazinha e ele sempre esquece de mim. Mas fazer o que? Sabendo disso, que não vou ganhar nada dele mesmo. Prefiro pedir para alguma alma caridosa. Que goste de mim. Que tenha uma grande alegria ao conversar comigo. Que me adore. Não precisa me idolatrar e nem amar demais, daí é exagero. Pode ser um amigo, um colega, um conhecido, um admirador secreto, um seja lá o que for, eu aceitarei o presente de coração aberto.

Vou colocar o que eu quero. Não sou chata. Nem exigente. Eu sei que alguns alguém que poderá me dar o presente tem condição o bastante, mas não vou abusar. Vou colocar aqui o que sempre peço ao Papai Noel, mas ele nunca me trouxe.

Em um ano que pedi, não faz muito tempo, eu queria muito aquele carro alto, que quase toda mulher dirige, o Tucson. Mas como percebi que foi demais para o bom velhinho me dar, no ano seguinte pedi um EcoSport, que era um pouco mais barato. E novamente, ele não me trouxe. Então, no ano seguinte, me contentei em pedir um carro popular mesmo, um C3, da Citroen. Mas infelizmente ele não me trouxe.

Desisti de carro, então no ano seguinte mudei de tática, pedi apenas um apartamento simples no centro de São Paulo ou Rio. E nada. Pensei comigo mesma. Acho que estou pedindo coisas impossíveis para o bolso do bom velhinho. Se eu pedir um presente desses, e os outros? Não sobrarão dinheiro para comprar os presentes para os outros. Foi então que caiu a ficha, eu estava sendo uma menina má, sendo egoísta, não pensando nos outros.

Por isso, no ano seguinte resolvi ser humilde. Pedi um notebook. Assim, dava para ele carregar em seu trenó, e é muito mais barato que os outros presente que eu havia pedido para ele. E daria para comprar presente para muitas pessoas. Mas nada! No ano seguinte, pensei mais baixo ainda, pedi uma coisa mais humilde, um CD. E fiquei na esperança de que ele ia trazer. Montei a minha árvore, toda brilhante, com o presépio e tudo mais. E cadê ele? Cheguei a uma conclusão. Que o Papai Noel é pão duro e mão de vaca. E se eu fosse ou não fosse boazinha, não iria ganhar nada do mesmo jeito. Então o jeito foi apelar.

Não farei mais o jeito bonzinho. Já que não vou mais ser boazinha. Sendo assim o Papai Noel vai me cortar de sua lista de presentes. Por isso, peço um presente simples e humilde. Não é carro, nem apartamento, nem notebook, nem celular, nem uma bicicleta, é apenas um livro. Pode ser qualquer livro.

Como já disse, não sou exigente. É o seguinte, acho o livro de auto-ajuda engraçado, mas não é o que estou precisando no momento. Não quero livros religiosos, já lia a bíblia, isso basta, nada de bitolação. Não quero os didáticos porque não tenho interesse em saber de uma coisa específica, técnica. Pode ser um livro de romance, detalhe, já li todos do Sidney Sheldon e Nora Roberts. Li a maioria dos Best Seller. Também já li a maioria desses que fizeram filme baseado nele. Não gosto daqueles livros que fica 200 páginas enrolando pra dizer uma coisa somente. Tem que ter ação. Tem que me surpreender. Coisa óbvia, eu vejo novela.

Também sou fascinada por biografias. Mas não gosto daqueles textos chatos. Cheio de tópicos. Que parecem coisas técnicas. Gosto de biografias romantizadas. Adoro livros de fácil compreensão. Não precisa ser complexo. Pra que? Tem que ficar toda hora no dicionário, e quando você vai ler da onde você parou, tem que voltar a frase todo outra vez. Isso é chato! Isso me lembra aquele livro do Gil Vicente - "O Auto da barca do Inferno". Massante!

Será que alguém sabe um livro com todas essas descrições? Quem souber, pode me dar. Estarei esperando. Não façam igual o Papai Noel que me iludiu todos esses anos. Será um presente inesquecível. Fará parte da minha prateleira de livros. Será um de meus xodós. Não emprestarei para ninguém. Irá para todas as mudanças da minha vida. Levarei sempre comigo nos arquivos de minha memória.

* Isso é apenas uma brincadeirinha de espírito natalino.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

"MENSAGEM DE UMA MÃE CHINESA DESCONHECIDA" - Xiran


Impossível é a pessoa que ler "Mensagem de uma mãe chinesa desconhecida", de Xiran, e não se emocionar. A cada capítulo, uma emoção tão grande e diferente, que muitas lágrimas rolaram pelo meu rosto. É como se eu tomasse as dores daquelas mães. Uma aflição, um sentimento de impotência. De ler as histórias daquelas mães e não poder fazer nada. Uma angústia! Eu tenho uma filha, e fiquei imaginando se fosse eu que tivesse que fazer algumas daquelas coisas que elas fizeram com suas filhas. É desesperador.

O livro traz os dolorosos relatos de mães chinesas, que devido ao problema que a China vem passando com o aumento populacional, controles rígido tiveram que ser adotados. O planejamento familiar é uma política fundamental. Poucos eram ricos. Famílias do interior tinham que escolher entre ficar com a menina, e não receber terreno. Apenas as crianças do sexo masculino tinha direito a esses terrenos.

O homem era aquele que seria responsável para levar adiante a linhagem familiar. Era obrigação ter um filho homem, nas famílias pobres. Quem não o tivesse não teria raiz nenhuma. As mulheres ficavam tentando até vir um menino. Sem contar a política do filho único. Nessas tentativas vinham meninas, mas seus destinos eram sofridos.

Uma sociedade aonde a mulher depois de casada, era como se fosse "propriedade", e só servia para obedecer ordens, e ter um filho homem. Isso tudo mudava quando ela tinha estudo e um bom trabalho. Assim, podia ter menina, pois conseguiria custear os seus gastos. A menina para família pobre era uma espécie de despesa.

As jovens não casadas, grávidas, consideradas uma mulher vulgar. Uma vergonha para a sociedade. Até mesmo, os seus pais viravam as costas para sua filha. Deixando-a pelo mundo. Alegando que havia tirado a honra a família. Nunca mais a via. Independente do sexo da criança. Crianças que evidentemente iam para orfanato. Meninos eram adotados rapidamente por um valor muito alto, meninas dificilmente saía no país, e quando saía, era por um preço bem baixo. Deixando de lado aquelas que abortavam.

Muitas menininhas pagaram por isso. Muitas não tiveram a chance de conhecer a vida. Outras, deixadas na rua, contando com a sorte de que alguma alma caridosa a pegasse, o que era impossível, se tratando de meninas. Outras eram pegas por famílias que já tinham um menino, como se fosse um cachorro perdido em um lixo, para e se tornar noiva-criança. Muitas iam para orfanatos, na esperança de serem adotadas. O que transformou em um grande comércio. No final de 2007, o número de crianças adotadas no mundo chegou a 120 mil, todas espalhadas por 27 países. Mães acreditavam que fora da China, suas filhas estariam melhores, teriam uma vida melhor que a dela.

Parece ser tudo tão desumano para nós ocidentais. Mas, então lembramos dessas mães. E como ficam essas mães? Será que ela, a geradora, que carregou consigo por nove meses a criança, seja tão desumana? E o coração de mãe sem aquela criaturinha? Como elas vivem com esse psicológico abalado? Muitas se suicidaram, mas e as que preferiram enfrentar a vida? Sempre na esperança de que a qualquer momento, a menina a sua frente, talvez possa ser a sua filha. Como ela estaria agora com 'tantos' anos? E o desejo de abraçá-la e saber como ela está? Quais são os seus gostos?

Dificilmente elas saberão aonde elas estão, muitas informações se perderam. Muitos orfanatos fechavam e abriam a toda hora. Não havia um registro dessas crianças. Documentos que sumiram.

Infelizmente, a crueldade e o preconceito, juntas, de mãos dadas, trouxeram estragos para a vida de muitas mães, que levarão consigo até o último dia de suas vidas. Uma dor, uma frustração, uma esperança.

Avaliação:   😊😊😊😊😊

* Esse texto também se encontra no site http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/3442416

sábado, 10 de dezembro de 2011

O que é a tristeza para você?

É nas coisas mais simples que encontramos as maiores alegrias da nossa vida. Tristeza é algo complexo que a gente procura, e pode ter certeza que sempre a encontraremos. Deixe ela de lado. A vida é muito curta, faça tudo aquilo que te dê prazer. Arrisque! Muitos tem de tudo na vida e não dão valor para as pequenas coisas, que fazem toda a diferença na vida. Nascemos com muitas habilidades. Pensamos. Temos todos os membros do corpo. E ainda tem gente que reclama da vida. Temos cabeça para raciocinarmos. O que é uma coisa fantástica. Um pouco de esforço, tudo pode mudar na vida. Faça dos seus dias como se ele fosse o último de sua vida. Saia. Reflita. Aprecie as coisas mais bonitas na vida. Seja feliz!

Achei muito interessante esse projeto. Vale a pena ver e refletir sobre ele.

Projeto: http://oqueetristezapravoce.com.br/

Sobre o projeto:

O que é tristeza pra você? é uma série de Mini-Documentários que circundam o projeto Thomás Tristonho, cujo carro-chefe é um curta-metragem de mesmo nome.

Os artistas envolvidos nele revelam suas perspectivas a respeito do tema Tristeza, enquanto somos apresentados aos seus traços.

Saiba mais em:
www.thomastristonho.com.br

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Esperança de um dia melhor


Pobre crianças africanas! Crianças que choram por um prato de comida. Barrigas vazias dormem todos os dias. A espera de um dia melhor. Mas esse dia ordinário que não vem. Com a seca, tudo seca. Tudo leva! Todos lutam pelo mesmo alimento. Bichos e humanos. Humanos comem bichos. Bichos comem humanos. As larvas comem todos.

Alimentos são trazidos para ajudar essas pessoas. Pessoas ficam felizes. Aceitam como se fosse um último pedido diante da morte. Uma súplica de todos os dias. Um lugar onde a felicidade não passa de um prato de comida. Não tem tempo para pensar em supérfluos. Somente na comida do dia seguinte. E acreditem! Tem gente sem compaixão diante dessa situação. Roubam alimentos doados e vendem para aquelas pessoas.

Olhos desesperados que assistem a todos os dias uma morte. Um vizinho, um ente querido ou um amigo que se vai. Mães desesperadas sem ter o que dar a seus pequenos. Que em seus braços berram de fome. Infelizmente o seu alimento também secou. Pestes contribuem para o quadro devastador. Onde a tristeza e a pobreza dão as mãos, em um casamento, que não pensam em se separar, nem mesmo deixar aquela região.

Muitos conflitos tomam a região, mas a única guerra que eles precisam vencer é a da fome e seca. Essa que mata. Que destrói. Que levam muitos deles. Não de uma vez como nas guerras, mas aos poucos. Um a um. Muitos não chegarão a idade adulta. E a esperança fica! Que a chuva venha e traga muitos frutos. Muitos morrerão com a esperança. Não chegarão a ver a tão esperada chuva. Outros vão ver, mas não verão os frutos. Restarão somente aqueles que saborearão os frutos amargos.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Dê valor enquanto é tempo



Outro dia eu estava parada, encostada na parede de um comércio, esperando uma pessoa. Pessoas vão, pessoas vem, e nada da pessoa. Foi então, que nesses longos minutos de espera, uma cena me chamo a atenção.

Descendo a rua movimentada, um 'aborrecente' de mais ou menos 18 anos xingava sua mãe, com insultos, chamando-a de burra, idiota e tudo mais. Me parecia que foi tudo por causa de uma briga de amigos e ela foi interferir. Só faltava ele bater na mãe. E não faltava muito. Essa que por nove meses certamente o carregou em sua barriga, e ainda custeia todos os seus gastos.

A pobre senhora, coitada, com os seus 50 e poucos anos, estava acanhada, e com vergonha das pessoas que olhavam para ela. Ela, com os seus olhos marejados, não sabia o que fazer, se chorava de tristeza, ou simplesmente olhava para o chão. Fiquei atônita. Uma sensação de impotência. Queria bater no rapaz. Mas infelizmente, isso só pioraria a situação. E assim, eles desceram a rua, até sumir de vista, entrando a direita no final da rua.

Então, fiquei imaginando, a quantidade de mães que ficam quietas, sofrendo caladas, vendo seus filhos levantarem a voz para elas, ou até mesmo batendo-as. Não somente fazem isso com as mães, como com todos aqueles que lhe parece indefeso, são avós, pais, colegas de classe.

Não sabemos bem ao certo, de quem é a culpa de tudo isso, mas ultimamente, a culpa toda vem caindo sobre a escola. Muitos pais estão achando que é a escola que tem que educar os seus filhos, ou melhor dizendo, os professores. Já não basta todo o conteúdo escolar que ele tem que passar para o aluno. Ele ainda tem que educar? Não! Isso o professor não faz mães. Ele estudou para lecionar àquilo que se refere a matéria escolhida para a sua graduação. E não para dar aulas de bons modos. Isso é lição de casa.

Fui criada em uma família tradicional japonesa. Aonde a educação é mais do que rígida. Tudo o que aprendi a respeito de bons modos levei de casa. Ninguém de fora me ensinou. Fora, sabíamos discernir o que era certo e errado, e até mesmo aquilo que era absurdo aos olhos de qualquer um. Com apenas um olhar de minha mãe, já sabia o que era o errado. Sabia respeitar os mais velhos.

Hoje em dia os filhos tem muito mais liberdade com os pais, por um lado pode ser bom, mas por outro, ficamos nos perguntando, "até aonde vai o limite da liberdade? ". Uma liberdade, aonde os pais deixam seus filhos insultá-los, e eles não fazem nada por isso. Liberdade que não respeita os mais velhos. O não simplesmente não existe. Existe uma lei que é proibido bater e gritar com os filhos. E vice-versa? Existe?

Sabe qual é o maior erro de tudo isso? O de pensarmos que tudo é eterno. Que nossos entes queridos jamais nos deixarão. Muitas vezes as pessoas maltratam pessoas que as amam muito. Não dão valor a elas. Mas quando elas se vão, as fichas caem, já é tarde. Não há como pedir perdão, muito menos trazê-las de volta, e fazer tudo diferente.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Memória de uma bailarina


Tenho muita saudade daquela época!
A época do Glamour.
Tomás era o homem dos sonhos.
Um galanteador!
Quando dançava, todo o seu charme se espalhava pelo espaço. Seu sorriso fácil atraía muitas mulheres, que pediam repetição da nossa dança.

Quando eu lembro daquela música.
Ai! Aquela música!
Vivíamos dançando.
Nascemos dançando.
Quando dançávamos era como se todo aquele espaço se transformasse em nuvens, onde o céu era o limite do infinito.
Deslizávamos, bailávamos, flutuávamos como bolhas de sabão, levadas pelo vento, sem rumo, sem direção.

Um dia...eu nem gosto de lembrar desse dia.
Foi o dia mais triste de minha vida.
Nesse dia veio uma mulher toda refinada e tirou Tomás de mim.
Uma mulher linda, loura, de olhos azuis como o mar.
Essa que vivia nos admirando.
Em seu rapto, também levou consigo alguns objetos dourados...
...e todo o colorido de minha vida.
O meu balé preto e branco, sozinha dancei por mais algumas vezes. Até que tudo ficou preto, e nunca mais dancei.

Hoje eu vivo aqui esquecida no tempo.
Dentro de um armário.
O meu espaço flutuante não passa de um pesadelo.
Uma caixa preta, onde todos os objetos dourados e prateados que aqui tinha, não existe mais.
Nunca mais vi Tomás.
E eu fico aqui, deitada, me olhando no reflexo do espelho.
Num silêncio profundo, na esperança de que alguma lembrança desperte na memória dos antigos admiradores.

Esse texto se encontra nesse link: http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/3440208

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Carta ao Papai Noel



Oi Papi Noel,

Meu nome é Aninha, tenho 10 anos. Esse ano eu fui muito boazinha e obediente. Não fiz nada que meus pais ficassem tristes comigo. Ah! Só meu irmão que ficou triste comigo porque eu e ele brigamos por causa de uma revista de mamãe e de repente rasgamos ela no meio, e advinha que levou a culpa? Meu irmão, mas bem que ele mereceu. Ele é chato! Acho que isso não vai contar. Não foi minha culpa. Eu juro!

Olha Papi Noel! Eu sei que você recebe carta do mundo todo aí no Polo Norte, e às vezes não dá tempo de você ler todas. Por isso, esse ano eu adiantei e já estou escrevendo 25 dias antes do Natal que é para dar tempo de você ler a minha carta e ver o meu presente. Dessa vez não tem desculpa, como das outras vezes.

Papi Noel, minha amiga tem um celular, é muito legal! Eu queria um também. Eu pedi para meu pai, mas meu pai vive reclamando que não tem dinheiro, e que tem que pagar um monte de contas, por isso não dá para ele comprar pra mim. Eu queria muito que o senhor arranjasse emprego para todos os pais do mundo, que estão desempregados. Não esquece do meu. Assim, a gente não ficaria pedindo presente pra você, pouparia o seu tempo. Encheria menos o 'seu saco'.

Eu queria também, que os políticos parassem de roubar, porque ouço direto papai e mamãe falando que esse dinheiro roubado foi do suor deles, e por isso eles estão pobres.

Queria te pedir outra coisa. Eu queria que tivesse menos preconceito no mundo, porque meu tio sofre muito. Ele é gay e são paulino. Eu não vejo problema nisso. Mas tem gente que vê. Outro dia meu pai estava contando que um amigo desse meu tio apareceu com o rosto todo machucado, disse que vários homens vieram em sua direção e começaram a bater nele. Tudo isso, porque estava de mãos dadas com seu amigo. Aí é que eu digo, isso não é pior que rasgar a revista da mamãe.

Já que você é solidário, e você me entende. Como eu pedi presente pra mim e pro papai, vou pedir pra mamãe e pro meu irmão. Assim poupa também a sua vista, porque se cada um de nós mandássemos uma carta, seriam quatro. Mando uma só, é mais fácil pra você também, e não vamos gastar dinheiro com quatro selos, gasto só com um. Pra minha mãe pode ser um vestido verde. Ela quer muito um vestido verde para usar no Ano Novo, parece que é para atrair dinheiro. Para o meu irmão, apesar de não merecer, pode ser um carrinho de controle remoto.

Papi Noel como você é tão gordo. Aposto que tem bastante comida aí na sua casa. Bem que você podia ajudar as criancinhas que estão passando fome, não seja egoísta, hein!

Não esquece de mim!

Beijos,
Aninha.

Esse texto você também encontra nesse link: http://www.recantodasletras.com.br/humor/3440232

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Tempos que não voltam mais


Ai, que saudades eu tenho daquele tempo! Não, eu não sou velha! Ainda sou jovem, com meus 27 anos bem vividos. Apenas tenho saudades daquilo que crianças de hoje em dia, não sentem mais a mesma graça que as da minha época viam, em um simples carrinho de madeira, ou em uma humilde boneca de pano.

Eu tenho saudades das brincadeiras de rua, pega-pega, esconde-esconde, bolinha de gude, passa anel, peão, amarelinha, corrida, queimada, stop, caderno de perguntas, pula corda, elástico e salada mista. Em todo lugar crianças brincavam disso. Todos eram felizes! Eramos sociáveis.

Me lembro do Plic-Ploc, aquele chiclete duro que vinha figurinhas, e todo mundo levava para a escola para bater bafo. Eu colecionava aquele Chocolate Surpresa, da Nestlê. Levava Ki Suco na lancheira. Tinha uma caixa daqueles bichinhos de plásticos que vinha para pendurar na parede, no Danoninho. O Kinder Ovo vinha estatuetazinhas de metal, quando era R$ 1,00, e hoje só vem quebra-cabeça, bichinho de plástico sem graça e custa R$ 5,00. Quem não se lembra do famoso Tazo? Todo mundo tinha! Substituiu o famoso bafo. Foi uma febre!

Quem não se lembra da nave da Xuxa, das paquitas e dos paquitos, do Sérgio Malandro, da Mara Maravilha, Vovó Mafalda, Bozo, Fofão? Não perdia um episódio do Castelo Ra-Tim-Bum, Glub-Glub, Mundo da lua, As aventuras de Rim Tim Tim. Eu queria ser cientista por causa do X-Tudo. Eu amava o Trem da Alegria, Balão Mágico, Menudos, Dominó. As meninas dançavam aquela música da Angélica "Vou de taxi". Tinha também o Jaspion, Jiraia, Pica-pau, Flintstones, Pantera cor-de-rosa, Punky a levada da breca, Ursinhos Carinhosos, Tom e Jerry, Cavalo de Fogo, Caverna do Dragão, Smurfs, He-man, Thunder Cats, Duck Tales, Família Dinossauro, Tv Colosso. Os Trapalhões era bom, e o Muçum e o Zacarias eram vivos.

Eu tive um Aquaplay. Queria um Pula Pirata, Pogobol, Murfy, Vai-Vem. Como eu adorava ir ao Shopping. Lá tinha uma lugar onde enquanto os pais iam fazer compras, a crianças ficavam brincando de Lego. Tinha o Atari, Iô-iô da Coca-Cola, miniatura das garrafas da Coca-cola. Não posso esquecer do Pirocóptero, aquele que vinha pirulito. Eu tinha uma pasta cheio de papeis de carta, figurinhas do "Amar é...", Fofulete, Meu Pequeno Ponei, e a Mola que vivia quebrando. Nunca tive o Tamaguchi, porque sempre achei um brinquedo sem graça. Quem não se lembra da galinha Maggi, branca e azul, que botava ovos?

Tínhamos a fita-cassete, disco de vinil, toca-fita, toca-disco.

As crianças de hoje em dia que assistirem o filme "O Menino Maluquinho", certamente não acharão a mínima graça, muito menos, se identificarão. O ET - O extraterrestre, tão lindo e puro. Os maravilhosos Clássicos da Disney: A Bela e a fera, A Dama e o Vagabundo, A Pequena Sereia, Pocahontas, Mulan, Branca de Neve, Aladin, O Crocunda de Notre dame. Os vários Esqueceram de Mim, Os Batutinhas, filmes dos porquinhos, ratinhos, e bichinhos afim.

Posso dizer uma coisa, qualquer criança de hoje em dia com certeza não passará por tudo isso. Foi uma época ingênua, genuína e acima de tudo feliz!

domingo, 27 de novembro de 2011

Como eu amo a Av. Paulista!


Podem me chamar de louca e tudo mais, mas eu tenho uma paixão muito grande por São Paulo, em particular a Av. Paulista. Se eu tivesse uma boa quantia de dinheiro, com certeza eu compraria um duplex na Paulista. Bom! Serei mais humilde, me contento com um apartamento com vista para a avenida. Lá eu ficaria horas e horas na sacadinha do meu apartamento - tem que ser com sacada, adoro sacada de apartamento - no penúltimo ou antepenúltimo andar, de um prédio de vinte andares. Também gosto de morar nos últimos andares de um prédio.

No final da tarde eu ficaria contemplando todo aquele corre-corre de mais um fim do dia dos paulistas. Todos aqueles carros passando nos dois sentidos da avenida, com os faróis acesos. A avenida iluminada. As luzes dos comércios acendendo. Pessoas apressadas indo ao ponto do ônibus. Outras indo para Happy Hour nos barezinhos. Veria as decorações de Natal toda chamativa, piscando sem parar, do mais variados modelos. Brigando pela atenção das pessoas. Toda aquela magia ilusória. Não sei porque, mas eu adoro a noite. Adoro as luzes! Tudo parece mágico. Um charme!

Poderiam dizer o que fosse de poluição e tudo mais, mesmo com toda a poluição. Sim! Eu teria alguns dias de vida a menos, mas morreria feliz. Olharia a beleza do pôr do sol todos os dias. Ficaria apreciando as estrelas, sentindo a brisa fresca bater em meu rosto. Ficaria um tempo de olhos fechados. Sem pensar em nada! Apenas sentindo a sensação boa de tudo isso. Pode parecer delirante. Mas não é. Seria muito bom para todos os paulistas que vivem nessa correria infernal do dia-a-dia. Onde tudo é desgastante. Uma rotina.

Nos finais de semana andaria pela avenida, estaria entre pessoas os mais variados estilos. Sem preconceitos. Visitaria espaços culturais. Assistiria peças teatrais, cinema e shows que tivesse por lá. Visitaria exposições de artes plásticas. Levaria sempre a minha filha no parquinho do Parque Trianon, às vezes diria um "olá" para o Tenente Siqueira Campos. Andaria pela feirinha e ao mesmo tempo escutaria os bolivianos tocando suas flautas de bambu. Finalizaria a minha andança na Livraria Cultura. Ficaria horas e horas naquele espaço tão aconchegante. Lendo. Refletindo. Pensando na vida. E assim, iria embora para o meu apartamento. E lá estaria eu, na sacada, esperando a noite chegar. Lendo de preferência um bom livro.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A pobre rica


Pobre não sou pois tenho dinheiro,
Pobre não sou porque ainda não tenho uma casa própria,
Pobre não sou por não ter um carro novo.

Rico não sou por ter pouco dinheiro,
Rico não sou por não ter uma casa própria,
Rico não sou por não ter um carro novo,

Mas tenho saúde de ferro,
Acumulo um grande conhecimento,
Sou uma pessoa de atitudes nobres,
Ainda quero conhecer Londres,
Adoro conjugar o verbo querer na primeira pessoa do presente,
Sou simples e tenho bom gosto,
Sou amiga.

Afinal o que é ser rico e pobre?

Não sei responder a essa pergunta até hoje.

Alguns dizem que ser rico é ter saúde boa - os antigos. Pobre também tem, já pararam para observar que os mendigos, a maior parte deles só morrem de frio.

Outros dizem que ser rico é ter dinheiro, mas quanto? Tem gente que ganha R$ 30.000,00 e diz que usa todo o dinheiro, e mais, que quer ganhar mais, porque o que ganha é pouco - o deputado "x". Há outros que dizem que vive apenas com o dinheiro do Bolsa Família, R$135,00 para sustentar ela e mais seis filhos, e que ainda sobra - a moradora da favela.

Há também aquele que diz que ser rico é aquele que acumula méritos de boas atitudes, o que faz uma pessoa 'grande', rica. Tem os famosos 'espíritos de porcos', os pobres.

Existem aqueles que realmente são ricos, de conhecimentos e sabedoria. Mas também tem aqueles que são realmente vazios, pobres, preferem a ignorância.

Rico é aquele que viaja para fora do seu país. Mas tem vários que se consideram pobre e está indo para o exterior, com pagamento em carnê, em 12 vezes.

Também tem quem diz que rico é aquele que é feliz. Então, somos todos pobres porque nunca estamos totalmente feliz, sempre queremos coisas e mais coisas, independente do que seja, dinheiro, amor, conquistas, bens materiais, bens pessoais, entre outras coisas. Sempre estamos querendo algo.

Tem aquele que se sente rico, que o personagem tomou conta do seu corpo. Roupas caras, tênis da moda, celular que acabou de sair na loja, paga conta de todo mundo, mas a casa em que mora é alugada, não tem comida na geladeira e suas contas andam sempre atrasadas.

Enfim, os mais ricos, ricos de amor, apaixonados. Tudo transborda! Toda alegria é pouca para se chamar de alegria! O amor cura qualquer coisa que esteja ferida. Constrói, destrói, reconstrói. Onde a pobreza é recoberta de vermelho. De todo sangue pulsante unido em apenas um laço. A amizade.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O palhaço


Fui ao cinema assistir "O Palhaço", filme nacional. Alguns acharão uma bosta! O que não é verdade. Muito pelo contrário, é um ótimo filme e recomendo.

Um filme muito bom para conhecer de tudo o que rola atrás de todo aquele 'trabalho grandioso', ou seja, o produto final do espetáculo artístico. Para a classe artística, qualquer identificação não é mera coincidência, infelizmente, essa é a grande realidade não apenas para os artistas circenses, como também para todos da classe, atores, dançarinos, cantores, escritores, entre outros que nessa envolve.

Às vezes, sim, somos obrigados a sair de nossas áreas para conseguir coisas materiais, que nos trará satisfação pessoal. Se voltará para a área ou não, essa é a opção de cada um. Alguns preferem sair definitivamente, outros acabam conhecendo outras habilidades próprias que se darão melhor, tem até aqueles que se perdem não indo a canto nenhum, também tem aqueles que voltam, há aqueles que trabalhas em mais de uma coisa deixando isso como hobby.

Temos muito amor àquilo que fazemos, para pouca recompensa financeira. Infelizmente não temos tanto incentivo do governo. Já vi trabalhos horríveis que o governo bancou. Como também já vi trabalhos bons que sequer pensaram em bancar. Acham que tudo o que é cultural, é um supérfluo. Se queremos nos dar bem, que seja de dinheiro particular. Que tenhamos bons 'PAItrocínio', caso contrário, ter a sorte de encontrar um bom patrocinador, ou até vários.

domingo, 20 de novembro de 2011

O que é a "Gota d´água" para você?


Notoriamente é o número de compartilhamento na rede social do vídeo intitulado "A gota d´água". Alguns pensarão que é da peça teatral, obra escrita pelo Chico Buarque e Paulo Pontes. Engane-se! Tudo não passa de uma manifestação contra a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte.

Tudo parece tão empolgante, animador e estimulante na fala de atores globais consagrados, o que por sua vez, nos tenta convencer a assinar a tal petição. Mas até aonde, muitos que assinaram sabem realmente do histórico de toda essa polêmica? Tem gente assinando e nem sabe o que é Belo Monte. Muito menos sabe aonde fica. Nem do que realmente se trata. E assim fica, no embalo, tudo tão belo, convencendo em textos decorados nas falas daqueles que sabem fazer isso.

Fiquei perplexa quando um dos atores disse que para a construção da usina, o governo terá que desembolsar R$ 30 bilhões, acompanhado de uma pergunta "Quem é que vai pagar?". A exatamente três semanas atrás em uma "revista de elite" tinha uma matéria, cujo assunto, era corrupção, dizendo que R$ 85 bilhões eram surrupiados dos cofres públicos. Dinheiro de quem é tudo isso? Convém nem responder, acredito que todos que lerem isso, com toda a certeza terá um grande discernimento para responder essa pergunta.

Uma outro fato que parece muito comovente no vídeo, é quando um outro ator diz que será desmatada 690 km² de floresta, o que na verdade são 175 km². Pode ser impressão minha, mas o que parece é que a perda da floresta em uma larga escala de uma só vez, causa muito mais impacto, que a sua perda gradativa.

O desmatamento já vem acontecendo faz muito tempo. A média de desmatamento entre 2000 e 2005 foi de 22.392 km² por ano. Cada vez mais fazendeiros vem devastando florestas para atividades agrícolas e pecuárias. Muitas pessoas não sabem, mas quando o solo se esgota, se tornando impróprio para o cultivo, esses agricultores se mudam para outra região, devastando mais a floresta. Um outro fato, foi a construção de duas grandes rodovias na região, derrubando mais árvores. Fora o tráfico de madeiras que tem por lá.

O curioso de tudo isso é que ninguém faz absolutamente nada para impedir tudo isso. Deixando de fora as duas rodovias, todas as outras coisas que ocorrem por lá, infelizmente não tem a ver com o bem comum de todos. Toda essa hipocrisia de uma sociedade egoísta, essa sim é a gota d´água. Fazem alguma coisa contra isso? Não!