domingo, 28 de abril de 2013

"O CAÇADOR DE PIPAS" - Khaled Hosseini

Quando a gente fala em "O caçador de pipas”, algumas pessoas associam logo com o filme, mas mal sabem o que está perdendo deixando de ler o livro. Não estou querendo dizer que o filme é ruim, mas como todos sabem, filme é filme. Um resumo bem contado de alguma obra, e é exatamente o que acontece com essa obra.

Um romance muito bem escrito, cheio de detalhes e fatos minuciosamente detalhados. Muito emocionante. Apresentando a cultura e a história do povo afegão. Há uma evolução nos fatos que dificilmente alguém que comece a lê-lo vai querer parar. Quem narra a história é Amir, um dos personagens principais, que se torna romancista famoso, um afegão que vai para os EUA e resolve voltar ao seu país de origem para acerto de contas com o seu passado.

“...descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar.” 

O pano de fundo da história ocorre no Afeganistão, em Cabul, nos anos 70, quando ele começa a relembrar a sua infância. Amir e seu amigo Hassan, ambos amamentados pela mesma mulher, apesar desse fato, havia uma coisa que impedia que eles fossem iguais socialmente. O pai de Amir era rico e muito respeitado pelos afegãos, enquanto Hassan era apenas o filho do empregado na casa de Amir.

Amir soltava pipas como ninguém, já Hassan um ótimo catador de pipas, sabia exatamente aonde a pipa caía. Ignorante, sem estudo, com lábios leporinos, Hassan era um fiel amigo de Amir, defendia-o das brigas. Certo dia, porém, aos 12 anos, Amir vence a batalha das pipas, Hassan vai ao encontro da última pipa, ele encontra Assef, seus inimigos. Amir vai ao encontro de seu amigo, quando se depara com a cena de seu amigo sendo brutalmente violentado por Assef. Amir sem coragem de impedir tal violência prefere se esconder, fingindo não saber do acontecido.

Com esse peso que ele carregava consigo e impotente diante daquela situação, ele não conseguia mais ver o amigo em sua casa e acaba preparando uma armadilha. Vai até a casa de Hassan e esconde um relógio de pulso e dinheiro no colchão do amigo. Inocentemente, Hassan assume o crime e ele e seu pai Ali mudam para Hazarajat. Seu amigo nunca mais o vê, mas ele vive atormentado com a traição.

“Abri a boca e quase disse algo. Quase. O resto da minha vida poderia ter 
sido diferente se eu tivesse dito alguma coisa naquela hora. 
Mas, não disse. Só fiquei olhando. Paralisado.”

Com o novo regime soviético, Amir e Baba, o seu pai, vão para EUA. Lá seu pai trata de um câncer de pulmão. Amir conhece Soraya Taheri, e se casa conforme os seus costumes, de uma maneira tradicional. Soraya cuida de Baba até morrer. Os anos se passam e o casal descobre que não podem ter filhos.

Amir vai ao encontro de Rahim Khan, que vivia em Peshawar, no Paquistão , um amigo de infância, que conta tudo o que aconteceu depois da guerra civil. Fica sabendo também que esse amigo foi morar no casarão que era de Amir e Baba, levando Hassan, sua mulher e o filho, o Sohrab. Passados os anos Hassan e sua mulher vão para Cabul e são assassinados por um soldado talibã e Sohrab vai para o orfanato.

Rahim pede para que vá ao Afeganistão e pegue Sohrab. Para fazer com que Amir vá fazer isso, Rahim revela um segredo de família e descobre que Hassan era seu meio-irmão, pois Ali era estéril e Baba o seu verdadeiro pai, dessa forma, Sohrab seria o seu meio-sobrinho.

Depois de muito pensar, Amir vai para Cabul e descobre o orfanato que o menino está. Chegando lá ele descobre que o menino foi levado por um oficial Taliban, o Assef, e o usava como escravo sexual. Há uma luta entre Assef e Amir aonde Assef fica caolho uivando de dor, graças a Sohrab por salvar Amir. Os dois fogem para o Paquistão, Amir tenta adotar o menino, mas há problemas, Sohrab fica sabendo que terá que ficar no orfanato, tenta se suicidar cortando o pulso, mas Amir chega a tempo. Descobrem um meio de levar o menino para os EUA. Como o ano novo afegão é celebrado com uma competição de pipas, Amir leva o menino para soltar pipa, o menino fica contente, demonstrando apenas com um sorriso e há um novo recomeço na vida dos dois. Como se aquilo que tanto pesava durante todos esses tempos na vida de Amir fosse libertado, que todo aquele sentimento de culpa se foi. E para Sohrab, uma nova vida.

“— Por você, faria isso mil vezes! — me ouvi dizendo.
Virei, então, e saí correndo.
Tinha sido apenas um sorriso, e nada mais. As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só um sorriso. Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o movimento de um pássaro que alça vôo.
Mas me agarrei àquilo. Com os braços bem abertos. Porque, quando chega a primavera, a neve vai derretendo floco a floco, e talvez eu tivesse simplesmente
testemunhado o primeiro floco que se derretia.
Saí correndo. Um adulto correndo em meio a um enxame de crianças que gritavam. Mas nem me importei. Saí correndo, com o vento batendo no rosto e um sorriso tão grande quanto o vale do Panjsher nos lábios.
Saí correndo.” 


Avaliação:   😊😊😊😊😊

Nenhum comentário: