quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

"Os Bebês de Auschwitz" - Wendy Holden

Para quem gosta de livros autobiográficos fundado em fatos históricos, assim como eu, o livro "Os Bebês de Auschwitz" é uma boa opção. Escrito pela jornalista Wendy Holden, o livro apresenta a história de três mulheres judias que estavam grávidas quando foram capturadas pelos nazistas e levadas para o campo de concentração.

Toda jovem moça recém-casada tem sonhos, planos para o futuro e querem formar família, mas infelizmente, esse não foi o destino das jovens como a Priska, a Rachel e Anka, que durante a Segunda Guerra Mundial, junto com seus maridos deixaram as suas casas e foram levados pelos nazistas para os campos de concentrações.

Suas malas foram confiscadas, mulheres e homens foram separados, crianças pequenas e velhos em filas diferentes, mais um amontoado de cadáveres que não resistiram a longa viagem por causa das más condições em que os vagões de trem vieram. De repente, tudo se transformou em medo e horror. Seus destinos eram incertos.

"Estávamos desembarcando, mas não sabíamos onde. 
Estávamos com medo, mas não sabíamos de que." - Anka

Uma coisa interessante que o livro traz é a história da família de cada uma dessas mulheres antes de irem para os campos de concentrações. Ao modo que após irem, tudo foi arruinado, não teriam mais família, casa, trabalho...identidade. Eram agora números.

As moças jovens eram separadas para 'brinquedo' sexual dos homens nazistas. Muitas morriam por causa das doenças sexualmente transmissíveis. As mulheres grávidas tinham dois destinos, uma, ser o objeto de experiência para medicina, outra, seus bebês serem os objetos de experiências. Deixando claro que essas experiências eram desumanas. Tanto Priska, como Rachel e Anka, sabendo que estavam grávidas, negaram a sua gravidez quando foi interrogado pelo Dr. Joseph Mengele, mais conhecido como anjo da morte, que selecionava os prisioneiros para experiência médica, por medo.

"Eles caminhavam entre nós e olhavam as mulheres para selecionar as mais novas e saudáveis. Não havia bebês nem mães alí. Apenas mulheres saudáveis que podiam trabalhar." - Rachel

O livro também relata os horrores, humilhações, violência e crueldade que essas mulheres passaram e que viram suas companheiras passando. O trabalho árduo em troca de má alimentação e acomodação, sem boas condições de higiene e saúde.

"Delirando de fome, algumas desmaiavam. Outras deitavam de lado, encolhidas, como em Auschwitz. seus corpos se deterioravam ainda mais debaixo daquelas roupas imundas, e toda a esperança desvanecia junto."

Além das auto-estimas estarem baixa, o psicológico também era abalado por conta da pressão, medo, angústia que passavam a cada dia, por ver companheiras, ou pessoas da família sendo levadas para algum lugar, que elas não sabiam, e não voltando mais. 

O mais impressionante de tudo isso foi como essas mulheres pesando em torno de 30kg, trabalhando por 14h, com condições precárias de tudo o que uma vida humana deve ter, sobreviveram e conseguiram levar a gravidez adiante. Como se aquelas crianças em seus ventres fossem algo a que elas se agarraram, talvez, uma força, que tiveram para sobreviver diante aquele horror. Seus bebês vieram ao mundo pesando cerca de 1,5 Kg, nasceram quando os alemães estavam prestes a dizimar toda a população em câmara de gases. 

"...os nazis não lhe tiraram o bebê, porque no dia seguinte iam ser todos mortos. Priska escondeu o bebê dentro da roupa. A viagem de dois dias para Buchenwald transformou-se numa longa deslocação de 17 dias porque o campo tinha sido libertado e os nazis tiveram que alcançar um outro campo onde pudesse ser possível desembarcar milhares de pessoas e depois matá-las."

Hana e Priska (1949)

Sala, Rachel, Esther com o bebê Mark (1946)

Anka e Eva (1945)

O livro é muito bom, apesar de ser muito triste. Ele também apresenta muitas informações históricas ricas. Toda a trajetória histórica, iniciando em 1944, finalizando com o suicídio do Hitler e os alemães libertando os judeus. Para ler esse livro tem que ter um emocional muito forte, porque você vai refletir sobre muitas coisas em relação ao 'homem', como, até que ponto um ser humano é capaz de cometer tantas atrocidades com outro ser humano, ou até mesmo, a força que os judeus tiveram para se reerguerem, estando debilitados, e sabendo que muitos estavam sós sem as pessoas que mais amavam, que eram suas famílias, entre outras coisas. Boa leitura!

Avaliação:   😊😊😊😊😊

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